Novas variedades de batata desenvolvidas pelo CIP para combater a anemia

Após uma década de pesquisa, os cientistas da Centro Internacional da Batata (CIP) desenvolveram duas novas variedades de batata, Kallpa Yawri e Puka Yawri, com alto teor de ferro e maior capacidade de absorção pelo corpo humano. Essas batatas biofortificadas estão prontas para serem aliadas importantes no combate à anemia no Peru e em todo o mundo.
Em comemoração ao primeiro Dia Internacional da Batata, o CIP apresentou seus esforços na preservação de mais de 5.000 variedades de batata em seu Banco de Germoplasma. Essa instituição tem se dedicado à pesquisa agrícola há mais de 50 anos, concentrando-se no desenvolvimento da cultura emblemática do Peru.
Gabriela Burgos, cientista associada do CIP, explicou à Agencia Andina o processo de desenvolvimento dessas batatas biofortificadas. Foi utilizada a técnica de reprodução convencional, que envolveu o cruzamento natural de batatas com alto teor de ferro com aquelas resistentes a secas, pragas e alta produtividade. Esse processo gerou mais de 10.000 genótipos de batata, que foram avaliados em vários ambientes. Após rigorosos testes e seleção, 30 clones foram escolhidos e cultivados em 11 regiões do Peru.
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Esses clones passaram por uma seleção participativa, envolvendo os agricultores no processo. As variedades foram então registradas no Serviço Nacional de Saúde Agrária (Senasa) do Peru, atendendo a todos os requisitos regulamentares. Atualmente, o CIP está trabalhando na produção de sementes em escala para garantir que essas batatas fortificadas cheguem às mesas peruanas e além.
A variedade Kallpa Yawri apresenta polpa amarela, enquanto a Puka Yawri tem polpa branca com leve pigmentação. Estudos científicos demonstraram que o ferro presente nas batatas de polpa amarela tem uma taxa de absorção significativamente maior, chegando a 30%, em comparação com outros alimentos ricos em ferro, como lentilhas e feijões. Consequentemente, as batatas de polpa roxa foram excluídas do grupo biofortificado para garantir a absorção ideal do ferro.
Essas variedades biofortificadas podem ser cultivadas em diversas regiões, incluindo Huamachuco, Cajamarca, Huancavelica, Ayacucho, Puno e Cusco. Burgos enfatizou a importância dessas batatas na prevenção da anemia e na manutenção de níveis saudáveis de ferro.
Os testes-piloto mostraram uma adoção bem-sucedida em áreas com alto índice de anemia, com mais de 90% de famílias plantando essas variedades. A CIP está agora multiplicando as sementes para distribuir a aproximadamente quatro milhões de produtores de batata.
Burgos destacou que a modificação genética não foi necessária para esse desenvolvimento. Em vez disso, foi utilizada a biodiversidade do Banco de Germoplasma do CIP, que abriga 5014 variedades de batatas cultivadas e 2638 variedades de batatas silvestres. Essa abordagem garante que as novas batatas sejam desenvolvidas por meio de reprodução convencional, mantendo a integridade genética natural.
O Banco de Germoplasma da CIP emprega várias técnicas de preservação para garantir a disponibilidade de variedades de batata a longo prazo. Essas técnicas incluem a conservação in vitro, a multiplicação de tubérculos e a criopreservação a -196°C, garantindo que as gerações futuras possam ter acesso a esses recursos vitais.
Além desses desenvolvimentos, o CIP está integrando a inteligência artificial para monitorar as variedades de batata. O aplicativo VarScout, que identifica variedades de batata por meio de imagens, e um chatbot alimentado por IA, em colaboração com a Amazon, estão sendo desenvolvidos para agilizar os processos de pesquisa.
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