Combatendo a insegurança alimentar na América Latina: Líderes se reúnem na Conferência Regional da FAO na Guiana

Em um encontro marcado por reflexões sóbrias e apelos urgentes à ação, teve início na Guiana o Segmento Ministerial da 38ª Sessão da Conferência Regional da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para a América Latina e o Caribe. O evento reuniu líderes e partes interessadas de toda a região para tratar dos desafios urgentes enfrentados pela segurança alimentar, nutrição e sistemas agroalimentares.

Destacando o papel fundamental da América Latina e do Caribe na segurança alimentar global, QU Dongyu, diretor-geral da FAO, ressaltou os principais objetivos, incluindo a proteção das populações mais vulneráveis, a redução das desigualdades e o aumento do acesso ao mercado. Como a região contribui significativamente para a produção e o comércio global de alimentos, compreendendo 13% da primeira e 45% da segunda, os riscos para seus sistemas agroalimentares são imensos.

Entretanto, apesar de ser uma exportadora líquida de alimentos, a dependência da região do comércio de commodities a expõe a flutuações macroeconômicas, tensões geopolíticas e aos impactos da mudança climática. Esses fatores, por sua vez, ameaçam os preços dos alimentos, a renda e, por fim, a segurança alimentar e os resultados nutricionais.

A pandemia da COVID-19 exacerbou os desafios existentes, levando a um aumento da subnutrição em determinadas sub-regiões. As estimativas mais recentes da FAO revelam que, embora tenha havido progresso na América do Sul, com a subnutrição diminuindo de 7,0% para 6,1%, a Mesoamérica apresentou mudanças marginais e o Caribe testemunhou um aumento alarmante de 14,7% para 16,3%.


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O presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, enfatizou o imperativo de criar sistemas agroalimentares resilientes e protegidos contra o clima. Ele enfatizou a necessidade de uma tomada de decisão baseada em dados e um foco renovado na nutrição, defendendo o retorno aos alimentos tradicionais de origem local.

Zulfikar Mustapha, Ministro da Agricultura da Guiana e Presidente da Conferência Regional, destacou o progresso das principais iniciativas em seu país, como o reforço da produção de proteína animal e a promoção de oportunidades de empreendedorismo para os jovens, ressaltando o compromisso com a integração do comércio agroalimentar regional.

Ao abordar a necessidade de abordagens multilaterais, o Diretor-Geral Qu enfatizou os esforços da FAO para mitigar o impacto dos choques de preços e das interrupções na cadeia de suprimentos, particularmente cruciais para as populações vulneráveis. Ele também pediu o fortalecimento das parcerias e destacou o apoio da FAO a iniciativas como a proposta da Força-Tarefa do G20 para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

A Conferência Regional tem como objetivo avançar as discussões sobre tópicos cruciais, incluindo pesca e aquicultura, estratégias comerciais para combater a fome e abordar os desafios interconectados de água, florestas, biodiversidade e solo no contexto das mudanças climáticas. Os eventos especiais abordarão o aproveitamento da ciência e da inovação digital para a agricultura familiar, a transformação do sistema agroalimentar em pequenos Estados insulares em desenvolvimento e o direcionamento de investimentos por meio da Iniciativa Hand in Hand da FAO.

No centro das discussões estão quatro prioridades regionais interconectadas, alinhadas com a Estrutura Estratégica da FAO para 2022-31: melhor produção, nutrição, meio ambiente e vida. Essas prioridades buscam catalisar a transformação dos sistemas agroalimentares por meio do aumento da eficiência, da inclusão, da sustentabilidade e da resiliência, sem deixar ninguém para trás.

À medida que o Segmento Ministerial se desenrola, os líderes têm a tarefa de forjar soluções e compromissos tangíveis para enfrentar os complexos desafios enfrentados pelos sistemas agroalimentares da América Latina e do Caribe, ressaltando a urgência da ação coletiva para atingir as metas de desenvolvimento sustentável e garantir a segurança alimentar para todos.

(imagem: FAO)

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