Agrivero.ai e como aproveitar a tecnologia para selecionar os melhores grãos de café

Fundada na Alemanha pela empresária russa Darina Onoprienko, a startup está abrindo caminho com um dispositivo inovador que analisa o café de vários ângulos e pretende expandir para o cacau em 2026.

O café é a bebida quente por excelência do mundo ocidental, portanto, não é de surpreender que os empreendedores de todo o mundo se esforcem para oferecê-lo com a mais alta qualidade. Um exemplo claro disso é a startup Agrivero.ai. Fundada em 2020 e sediada em Berlim, capital da Alemanha, sua principal oferta é o desenvolvimento de uma solução baseada em inteligência artificial para classificar e garantir a qualidade de grãos de café verde, ou seja, grãos não torrados.

"Na Alemanha, trabalhei com importadores de café e fiquei surpresa ao ver como eles inicialmente compravam contêineres por 100.000 euros, mas depois vendiam a carga por um preço mais baixo porque os grãos foram danificados durante o transporte. Achei interessante como o preço está ligado à qualidade, além da minha curiosidade como consumidora", explicou Darina Onoprienko, fundadora e CEO da Agrivero.ai, em uma entrevista à Tribu.

Inicialmente, a equipe da startup tinha como objetivo criar um aplicativo lightbox para telefones celulares como um pivô para analisar grãos de café. No entanto, os clientes queriam algo mais sofisticado, o que levou à evolução do VeroLab 1.0. Esse dispositivo automatiza a classificação dos grãos de café verde, fornecendo resultados com precisão de 97% em apenas quatro minutos por amostra.

Além disso, o VeroLab escaneia cada grão de café de vários ângulos usando câmeras industriais de alta resolução e análise de imagens por meio de algoritmos de inteligência artificial. Por fim, os resultados são apresentados em um aplicativo da Web, fornecendo estudos detalhados e rastreabilidade total em toda a cadeia de suprimentos.

"Uma diferença em relação a outras startups é que criamos uma rede de dispositivos. Para nós, é importante fornecer tecnologia a todos os pontos da cadeia de suprimentos do café e reduzir o preço de nossos dispositivos para democratizar seu uso. Nosso foco está na análise de dados por meio da inteligência artificial, mas não somos um fabricante de dispositivos. Isso nos permite reduzir os custos", explica Onoprienko.

O fundador da Agrivero.ai observa que muitos de seus clientes agora confiam mais na IA e querem entender os critérios usados pelos algoritmos para classificar um defeito como A ou B. Eles também querem saber se podem fazer alterações nesse sistema para integrá-lo a seus processos de negócios.

Onoprienko acredita que, no setor cafeeiro, os produtores são resistentes a aprender a tecnologia, mas não a usá-la. Seja em uma fazenda brasileira ou em um lote colombiano, os cafeicultores e seus parceiros devem analisar os grãos antes de exportá-los.

Além disso, a startup vende seus produtos diretamente e oferece outros serviços aos clientes, como o desenvolvimento de um algoritmo personalizado para cada empresa. "As grandes corporações querem digitalizar seu conhecimento. Atualmente, esse processo é manual, mas com nosso apoio, elas podem digitalizá-lo. No entanto, com novos investimentos, mudaremos nosso modelo de negócios e preços para oferecer dispositivos a preços mais baixos", diz o CEO.

Vale ressaltar que, até 2026, a Agrivero.ai planeja se aventurar no cultivo de cacau, já que ele frequentemente compartilha o clima, a geografia e os clientes com o café. Ao mesmo tempo, a startup está buscando rodadas de financiamento na América Latina e nos Estados Unidos para impulsionar essa nova etapa. Com o aumento dos preços internacionais de ambas as commodities em janeiro, muitos procurarão garantir remessas de alta qualidade, para o deleite de produtores e consumidores.

Respostas

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *